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Mostrando postagens de fevereiro 2, 2013

A PATA DA GAZELA José de Alencar

MINISTÉRIO DA CULTURA Fundação Biblioteca Nacional Departamento Nacional do Livro A PATA DA GAZELA José de Alencar I Estava parada na Rua da Quitanda, próximo à da Assembléia, uma linda vitória, puxada por soberbos cavalos do Cabo. Dentro do carro havia duas moças; uma delas, alta e esbelta, tinha uma presença encantadora; a outra, de pequena estatura, muito delicada de talhe, era talvez mais linda que sua companheira. Estavam ambas elegantemente vestidas e conversavam a respeito das compras que já tinham realizado ou das que ainda pretendiam fazer. — Daqui aonde vamos? perguntou a mais baixa, vestida de roxo-claro. — Ao escritório de papai: talvez ele queira vir conosco. Na volta passaremos pela Rua do Ouvidor, respondeu a mais esbelta, cujo talhe era desenhado por um roupão cinzento. O vestido roxo debruçou-se de modo a olhar para fora, no sentido contrário àquele em que seguia o carro, enquanto o roupão, recostando-se nas almofadas, consultava uma carteirinha de lem...

Ao Correr da Pena, de José de Alencar

Ao Correr da Pena, de José de Alencar Fonte: ALENCAR , José de. Ao correr da pena. São Paulo : Instituto de Divulgação Cultural, [s.d.]. Texto proveniente de: A Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo Permitido o uso apenas para fins educacionais. Texto-base digitalizado por: Marciana Maria Muniz Guedes - São Paulo/SP Este material pode ser redistribuído livremente, desde que não seja alterado, e que as informações acima sejam mantidas. Para maiores informações, escreva para . Estamos em busca de patrocinadores e voluntários para nos ajudar a manter este projeto. Se você quer ajudar de alguma forma, mande um e-mail para e saiba como isso é possível. AO CORRER DA PENA José de Alencar (Crônicas publicadas no “Correio Mercantil”, de 3 de setembro de 1854 a 8 de julho de 1855, e no “Diário do Rio”, de 7 de outubro de 1855 a 25 de novembro do mesmo ano, ambos os jornais do Rio de Janeiro). P R I M E I R A P A R T E FO...

A ALMA DO LÁZARO José de Alencar Alfarrábios

A ALMA DO LÁZARO José de Alencar Alfarrábios ADVERTÊNClA Este alfarrábio, não o devo ao meu velho cronista do Passeio Público. É, como se disse no prólogo, uma escavação dos tempos escolásticos. Tem ele porém, se me não engano, o mesmo sabor de antiguidade que os outros, e ao folheá-lo estou que o leitor há de sentir o bafio de velhice, que respira das cousas por muito tempo guardadas. Para alguns esse mofo literário é desagradável. Há porém antiquários que acham particular encanto nestas exsudações do passado que ressumam dos velhos monumentos e dos velhos livros. Rio de Janeiro, dezembro de 1872. PRIMEIRA PARTE A ALMA PENADA Triste irrisão é a glória. Quantos engenhos sublimes, criados para as arrojadas concepções, que ficam aí tolhidos pelo estalão do viver banal, senão sepultos em vida na indiferença, quando não é no desprezo das turbas? Também quanta ralé, feita para patinhar no pó, que se ala as eminências, insuflada pelos parvos, e se apav...